Quando comecei a escrever este artigo acerca deste último fenómeno, o ChatGPT, apercebi-me do quanto confiava em rumores para formar a minha opinião, o que não é aconselhável em nenhum contexto, ainda para mais em relação a uma maravilha tecnológica que tem despertado a atenção do mundo, gerando curiosidade e preocupação em iguais medidas.
Portanto, para chegar a uma compreensão prática do que é o ChatGPT e do que este representa, decidi fazer a minha própria investigação.
Depois de ter passado pelos habituais obstáculos da criação de uma conta, deparei-me com um ecrã que parecia uma iteração minimalista do Yahoo Messenger no Windows 98, o que induziu uma vaga sensação de familiaridade e um dilema semelhante – O que devo perguntar? O que devo escrever? A interface, por muito simplista que seja, tem um aspeto sério e torna muito claro que continua a ser um produto beta. Contudo, de alguma forma, esta abordagem de interação sem complicações passou uma imagem mais apelativa, e representou um regresso a tempos menos complicados. Após anos e anos de habituação a soluções digitais que apresentam experiências cuidadosamente planeadas, incluindo viagens de utilizador predefinidas e muitas vezes miméticas, e uma linearidade obstinada que impedem ativamente qualquer âmbito de injeção de intuição ou imaginação, o simples cursor intermitente ao qual eu poderia colocar perguntas elaboradas e obter respostas em segundos pareceu-me catártico como se uma parte de um futuro tecnológico tivesse chegado antes do tempo.
E assim, fiz muitas perguntas – umas eram básicas e mundanas, do tipo das que colocamos aos vários assistentes digitais nos nossos smartphones em relação ao tempo e curiosidades.
Outras, porém, eram mais intrincadas, derivando das minhas próprias áreas de especialização como investigadora de carreiras em design. Os resultados foram surpreendentemente úteis e apresentados num tom de conversa envolvente, embora houvesse algumas lacunas-chave que discutirei mais adiante.
Quem me disse que havia pessoas reais sentadas algures a escreverem estas respostas em tempo real está sinceramente enganado, porque então esta equipa de respondentes teria de incluir, entre outros, notáveis pensadores de design, cientistas sociais, líderes de pensamentos e académicos, alguns dos quais estão gravemente… mortos! Um esforço de recrutamento de tais dimensões seria, por si só, digno de notícia.
Para os efeitos deste artigo, no entanto, gostaria de destacar duas questões que estão diretamente relacionadas com a utilização da ferramenta no contexto do design e especialmente da investigação em design.
As perguntas e as respetivas respostas estão explicitadas abaixo na sua forma original:
- Quais são as vantagens e desvantagens do ChatGPT?
“Sendo um modelo de linguagem de IA, o ChatGPT tem várias vantagens e desvantagens. Aqui estão algumas das mais importantes:
Vantagens:
- Disponibilidade: O ChatGPT está disponível 24 sobre 7 e pode responder a vários utilizadores ao mesmo tempo, o que o torna num recurso conveniente e acessível.
- Vasta gama de conhecimentos: O ChatGPT foi treinado com uma vasta quantidade de dados e pode apresentar informações sobre uma ampla gama de tópicos.
- Imparcialidade: O ChatGPT fornece informações de forma imparcial, sem qualquer preconceito ou opiniões pessoais.
- Eficiência: O ChatGPT pode processar e analisar grandes quantidades de informação de forma rápida e precisa, o que pode ser útil em situações sensíveis em termos de tempo.
- Aprendizagem e aperfeiçoamento: O ChatGPT aprende continuamente com as suas interações com os utilizadores, permitindo-lhe melhorar as suas respostas e conhecimento ao longo do tempo.
Desvantagens:
- Falta de toque pessoal: O ChatGPT é uma máquina e carece do toque pessoal que a interação humana pode proporcionar, o que pode ser importante em algumas situações.
- Compreensão limitada do contexto: O ChatGPT pode ter dificuldades em compreender o contexto de uma pergunta ou situação, o que pode levar a respostas imprecisas ou irrelevantes.
- Erros e imprecisões: O ChatGPT pode cometer erros e fornecer informações imprecisas, especialmente sobre temas altamente complexos ou sobre os quais existam informações contraditórias.
- Inteligência emocional limitada: O ChatGPT carece da inteligência emocional e empatia que os humanos possuem, o que pode ser importante em certas situações.
- Capacidade limitada de compreender nuances e ironia: O ChatGPT pode ter dificuldades em compreender humor, sarcasmo, e outras formas de nuance e ironia, o que pode levar a respostas inadequadas ou irrelevantes.
Resumidamente, o ChatGPT tem várias vantagens e desvantagens, e a sua utilidade depende do contexto específico e das necessidades do utilizador. Embora possa fornecer informações rápidas e precisas sobre uma vasta gama de tópicos, pode também ter dificuldades em compreender contextos, cometer erros e carecer do toque pessoal e da inteligência emocional da interação humana.”
A principal intenção ao ter colocado esta questão acima era avaliar a ferramenta relativamente à sua objetividade. As respostas são surpreendentemente honestas e indicam uma abordagem diferente no acesso à informação comparativamente às concorrentes soluções da Google ou da Microsoft que ocultam fraquezas percetíveis em vez de as admitirem ou contextualizarem. Porém, existem algumas lacunas na resposta, por exemplo, apesar de mencionar que as respostas são alicerçadas num vasto conjunto de dados, não há qualquer referência ou indicação apresentada no que respeita à fonte da informação, o que torna impossível citar e reconhecer os autores e estudos originais.
Por conseguinte, é uma grande desvantagem onde a utilização indiscriminada da ferramenta em investigação pode potencialmente levar a um plágio involuntário – um assunto sério no campo do design, onde a originalidade é fundamental. A questão seguinte foi inevitavelmente:
- Como podem os designers utilizar o ChatGPT de forma eficaz?
“Os designers podem utilizar o ChatGPT eficazmente de várias formas para apoiar os seus processos e projetos de design:
- Investigação: Os designers podem utilizar o ChatGPT para realizarem investigações e recolherem informações sobre tópicos ou tendências específicos relacionados com o seu projeto de design.
O ChatGPT pode fornecer respostas rápidas e precisas, poupando tempo e esforço no processo de investigação.
- Inspiração: Os designers podem utilizar o ChatGPT como forma de inspiração e geração de ideias para os seus projetos de design. Fazendo perguntas abertas ou pedindo sugestões sobre elementos de design, o ChatGPT pode fornecer uma gama de opções e perspetivas.
- Prototipagem: Os designers podem utilizar o ChatGPT para testarem e aperfeiçoarem os seus protótipos de design. Pedindo aos utilizadores que interajam com o chatbot e forneçam feedback, os designers podem identificar áreas onde possam melhorar e aperfeiçoar os seus designs.
- Testes com utilizadores: Os designers podem utilizar o ChatGPT para realizarem testes com utilizadores e recolherem feedback sobre os seus projetos de design. Criando um protótipo de chatbot que imite a experiência do utilizador do design real, os designers podem testar as interações do utilizador e recolher feedback para informarem as suas decisões de design.
Acessibilidade: Os designers podem utilizar o ChatGPT para tornarem os seus designs mais acessíveis a pessoas com deficiências ou barreiras linguísticas.
Incorporando chatbots que possam responder aos utilizadores no seu idioma preferido ou utilizando comunicação baseada em texto, os designers podem tornar os seus designs mais inclusivos e acessíveis.
Resumidamente, os designers podem utilizar eficazmente o ChatGPT incorporando-o nos seus processos de design para realizarem investigações, prototipagem e testes com utilizadores, obterem inspiração e melhorarem a acessibilidade das suas soluções. Ao aproveitarem as vantagens do ChatGPT, os designers podem melhorar os seus projetos de design e a experiência do utilizador.”
Neste caso, a resposta é mais coesa e visivelmente dirigida a designers de UX/UI, mas crucialmente, o aspeto “como” é resumido em cada um dos cenários. Isto leva a inferir que os designers podem utilizar o ChatGPT como uma ferramenta de investigação genuína, no entanto, o aspeto mais importante para aproveitar este incrível recurso é colocar as perguntas certas, uma competência que pode ser aperfeiçoada através da prática. Com esta curta experiência de utilização da ferramenta, tornou-se evidente que ela pode lidar tanto com questões abrangentes como específicas, que, por exemplo, podem ser entrelaçadas para informar uma narrativa. As preocupações relativas à citação de fontes de informações mantêm-se, pelo que se torna importante compreender que a ferramenta não se pode tornar num substituto absoluto para o estudo de obras originais de autores revistas por pares.
Assim, o ChatGPT pode tornar-se num recurso interessante para o investigador em design adicionar ao seu leque de ferramentas, no entanto, este ainda não substitui completamente as fontes de informação mais tradicionais. Felizmente, o nosso guardião da originalidade e reconhecimento, Turnitin, serve-se da sua própria inteligência artificial para garantir o fair play😉
Concluindo, o ChatGPT apresenta possibilidades espantosas para aprendermos e trabalharmos mais rapidamente. Utiliza plenamente as vantagens da tecnologia contemporânea para fornecer uma solução que pode tornar a interação com a nossa digitalidade mais significativa. Quantas mais perguntas fizermos, melhores nos tornamos a utilizar a ferramenta, e em contrapartida, a ferramenta também se torna melhor a responder com maior precisão às nossas perguntas.
Da perspetiva do design, esta fase exploratória inicial apresenta um universo de possibilidades – para criar soluções baseadas na tecnologia subjacente que pode, de forma correspondente, impulsionar a inovação radical em inúmeros campos, incluindo cuidados de saúde, finanças, educação e administração. No entanto, é importante permanecermos atentos às potenciais implicações éticas e sociais destes avanços e continuarmos a avaliar criticamente o seu impacto no nosso mundo.
O que achas do ChatGPT e dos seus irmãos alimentados por IA?
Diz-nos nos comentários abaixo!
Autor:
Prof. Abhishek Chatterjee
PhD in Design
Researcher on Design Studies, Pedagogy and Entrepreneurship
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