Se ainda não ouviu nem viu nada sobre Squid Game até agora, provavelmente vive debaixo de uma pedra.
Apesar de ter sido lançada há apenas alguns meses, a série dramática de sobrevivência Coreana tornou-se num dos maiores êxitos da Netflix em qualquer idioma, atingindo o primeiro lugar em 90 países.
Squid Game é um caso de estudo deveras interessante para todos os profissionais de Marketing. Porquê?
Aprofundamos em 3, 2, 1…
Lembra-se da última vez em que viu um vídeo engraçado na internet e TEVE que partilhar com os seus amigos? A isso chama-se “boca-a-boca”. Emprega um elemento do marketing viral e captura o aspeto emocional do espetador.
O boca-a-boca é mais poderoso que campanhas publicitárias pagas porque o crescimento é orgânico e a velocidade de disseminação da informação é incrivelmente rápida. Uma interação leva a uma conversa, essa conversa leva a outra, e assim por diante.
No caso de Squid Game, o TikTok desempenhou um papel decisivo na proliferação da mensagem.
Quando cria uma estratégia de marketing para uma marca internacional, sabe que deve criar diferentes campanhas de acordo com a cultura do país. Isso não aconteceu com Squid Game. Então, como se explica isto? A base da série são emoções humanas básicas, e isso é universal, independentemente das diferenças culturais.
Se as marcas conseguirem aproveitar bem o TikTok, podem conseguir chegar aos consumidores e criar um “efeito Squid Game”. É o básico do Neuromarketing.
É um mito que as “marcas sérias” não devem ter uma presença no TikTok e Squid Game é a prova disso mesmo.
Nos dias de hoje, é perfeitamente aceitável que uma marca grande comente um post sem ser 100% profissional. As marcas precisam de comunicar e de se sentirem mais como os seus públicos-alvo. Um CEO de uma grande empresa não é sempre sério e empresarial, tem momentos em que relaxa, ri e fala sobre assuntos arbitrários. Então porque deveria a sua marca ser sempre séria? Humanize-a.
Nesta plataforma, as marcas que têm uma abordagem informal recebem muito mais atenção, e se tiver a sorte de criar uma tendência que se torne viral no TikTok… Então pode felicitar-se e dizer: “Bom trabalho”, porque acabou de acertar em cheio. O reconhecimento e o envolvimento com a sua marca irão disparar. Com mais de mil milhões de utilizadores ativos por mês, o TikTok foi, pelo quinto trimestre consecutivo, a app mais transferida na App Store da Apple.
Como é possível que uma série com violência extrema e falada somente em Coreano se tenha tornado num fenómeno de tais dimensões?
O guião, a produção, os atores e os cenários da série receberam elogios de todo o mundo.
“Esteticamente falando, criamos os locais com o intuito de fazer os espetadores pensarem connosco sobre as intenções ocultas dos Squid Games,” afirmou Chae Kyoung-Sun, Diretor Artístico da série, numa entrevista da Netflix.
Descrito como “quase fruto de um sonho” pelo ator Lee Jung-Jae, que interpreta Seong Gi-Hun, o cenário surreal de Squid Game torna-se numa personagem por conta própria. Quando examinados à lupa, cada um dos cenários está repleto de referências que expõem as contradições da sociedade moderna. Colorida, a maior parte das vezes, com tonalidades vibrantes que fazem lembrar a infância, a arquitetura é utilizada como mais um recurso para fazer tanto os atores como os espetadores ficarem desconfortáveis.
Os jogos são organizados em espaços limpos e minimalistas, o que se torna um pouco inquietante. Em contraste, espaços escuros, semelhantes a grutas, foram criados para atividades mais obscuras, como tráfico de órgãos. O mundo exterior é apresentado como escuro e frio, muito diferenciado do mundo dos jogos, que está coberto de cores pastel.
A viralização desta série dramática de sobrevivência Sul-Coreana fará sentido assim que a vir. É uma grande série televisiva que o irá manter agarrado ao ecrã e que recebeu avaliações bastante positivas por parte da crítica. Para além disso, é a altura perfeita para lançar uma série com estas características, já que o público está cansado das séries com estilo copy-paste atualmente disponíveis nos serviços de streaming. Existe uma lacuna no mercado, há quase uma necessidade por algo estranho e fresco como Squid Game. Uma lição importante que a série nos ensina é que não temos formas de prever o que os consumidores vão querer até que eles nos mostrem. Squid Game criou a sua própria Blue Ocean Strategy. Bom trabalho.
Isto serve para provar que nem sempre podemos seguir as normas convencionais nem depender de dados históricos para saber o que fazer a seguir; as empresas inovadoras devem sempre considerar a tomada de riscos calculados nas suas estratégias de marketing. Squid Game redefiniu os limites de uma série de televisão, revolucionando a forma como vemos e interagimos com o conteúdo. Conteúdo normal pode trazer atenção medíocre à sua empresa, mas um conceito forte que seja intrigante e fresco pode torná-la viral, resultando em muito marketing gratuito.
As redes sociais são acessíveis a todas as marcas: novas, pequenas ou grandes. As marcas podem facilmente tentar criar tendências ou burburinho para começar um boca-a-boca e ganhar exposição e envolvimento.
Que lição podemos aprender da estratégia de marketing de Squid Game? A sua marca, bem como a experiência que esta oferece, deve ser tão única e específica nas suas campanhas que os seus públicos-alvo se tornem em defensores da marca e façam o trabalho por si a um ritmo exponencial. Embaixadores de marca não são apenas uma moda, são uma obrigação. E Squid Game mostrou-nos mais uma vez que ser diferente e correr riscos é um passo muito importante da receita para o sucesso.
Por London School of Design and Marketing
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